Roger Waters: Um verdadeiro espetáculo para amantes do audiovisual
- Bruno Milagres
- 25 de out. de 2018
- 5 min de leitura

Nós somos amantes da produção audiovisual nas telonas, não é mesmo? E em um palco com um público de 51 mil pessoas? Roger Waters conseguiu deixar todos os fãs que o acompanharam boquiabertos com tamanha qualidade do show.
No domingo (21/10) Roger Waters se apresentou em Belo Horizonte no estádio Mineirão, para um público de 51mil pessoas. Antes dessa apresentação, Waters já tinha se apresentado em São Paulo, Brasília e Salvador e ainda se apresentará no Rio De Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.
Cheio de polêmicas quanto ao posicionamento político do artista, o show foi um prato cheio para os opositores do candidato à presidência Jair Bolsonaro, já para os que o apoiam, tiveram que se contentar "apenas" com o maravilhoso espetáculo que Waters e toda sua equipe nos proporcionou.
Setlist
O setlist foi escolhido a dedo por Roger Waters. O repertório foi composto por músicas belíssimas e conhecidas de todo bom fã de Pink Floyd, mas também tivemos músicas do novo álbum de Waters "is this the life we really want?" que é o quinto álbum solo do músico.
O show começou com duas das músicas mais icônicas do álbum "The dark side of the moon", abriram o show as músicas "Speak To Me" e em seguida "Breathe", que é a continuação da primeira. Foi um momento sensacional pra mim, Breathe é uma das minhas músicas prediletas, a letra dela diz muito sobre a vida de todos nós e, poder canta-la junto a 51 mil pessoas no show de Roger Waters, foi uma experiência que eu jamais irei esquecer.
O setlist ainda foi composto de One of these days, Time, The great gig in the sky, Welcome to The Machine (Pink Floyd), depois tivemos três músicas do álbum solo de Waters, Déjà Vu, The Last Refuge e Picture That, na sequência tivemos só Pink Floyd, Wish You Were Here, The Happiest Days of Our Lives, Another Brick in the Wall (pt 2 e pt 3), Dogs, Pigs (Three Different Ones), Money, Us And Them, Smell The Roses (álbum solo de Roger Waters), Brain Damage, Eclipse, Two Suns in the Sunset e pra finalizar o espetáculo com chave de ouro Comfortably Numb.
Composto por 22 músicas, o setlist foi muito bem escolhido, ótimo para amantes do trabalho do Pink Floyd e do Roger Waters. Não posso esconder que senti (MUITA) falta de Mother, mas isso não tira o mérito do espetáculo.
Quebrando os muros
Após a execução de algumas músicas iniciais, o show continuava ótimo, tudo normal, até que acontece o primeiro grande evento do show. Ouve-se helicópteros no céu, luzes apagadas e crianças subindo no palco, é a hora de Another Brick in The Wall. Tijolos apareceram no telão e Roger Waters começou a tocar a música, as crianças estavam vestidas de laranja e após tirarem essa roupa laranja, estavam com uma camisa escrito "Resist", essa mensagem também apareceu estampada no telão.

Não só as mensagens apareceram no telão do enorme palco montado para o show de Waters, mas também apareceram os martelos, lembram deles? Aqueles martelos marchando como no DVD original de "The Wall".

Infelizmente Waters sofreu algumas vaias durante e no final da música, isso devido a sua ideologia política com a mensagem Resist, mas isso não foi capaz de calar o mineirão, que cantou o maior clássico do Pink Floyd com o maior volume.
Subam as chaminés
Durante o intervalo entre as músicas começou a subir no telão a famosa "fábrica" do álbum Animals (que é o meu álbum preferido). Na verdade não é uma fábrica e sim uma termelétrica chamada Battersea Power Station. A termelétrica foi aparecendo sendo "levantada" no telão, a imagem da usina ia subindo no telão até a hora que as chaminés chegaram ao topo do telão e foram desaparecendo, mas e agora? Cortaram as chaminés do telão?

As chaminés simplesmente apareceram atrás do telão. Sim, chaminés enormes apareceram atrás do telão, não eram projetadas, eram realmente chaminés produzidas especialmente para o show. Foi algo maravilhoso que nunca irei esquecer, a capa do Animals foi replicada na minha frente (e sim, elas saíam fumaça e tinha até o porquinho voando ao lado).
Resist neo-fascism
Depois da apresentação espetacular de Another Brick in the Wall, tivemos um grande intervalo no show. Nesse intervalo foram colocadas no telão as mensagens tão polêmicas de Roger Waters sobre o neo-fascismo. Para a oposição do candidato à presidência do PSL foi de enorme agrado, mas já para os apoiadores dele foi uma coisa ridícula. Muitas pessoas deixaram o show descontentes com as manifestações de Roger sobre a política brasileira.

A mensagem "Resist" apareceu no telão durante grande parte do show, além de ter aparecido também na camiseta das crianças que fizeram uma performance artística durante Another Brick in the Wall. Também apareceram no telão os nomes dos líderes políticos de diversos países, incluindo Donald Trump. Ao mostrar o nome do Bolsonaro, tinha uma faixa escrito "censurado", diferente dos 4 shows anteriores que mostrava explicitamente o nome do candidato à presidência.
Pigs on the Wing
Depois de aproximadamente 15 minutos de mensagens de protesto no telão, foi a vez de começar a tocar os sucessos do álbum Animals. A primeira música após essa pausa foi Dogs, e assim que começou a tocar, surgiu um porco voador imenso em cima da platéia. Foi um momento em que eu jamais irei esquecer, assim como todo fã de Pink Floyd.
O imenso "porquinho" rodou todo o estádio do mineirão e possuía as seguintes frases "Stay Human" e "Seja Humano", que possuem o mesmo significado.

Após a aparição do querido porquinho e da execução da música Dogs, é a hora de escutarmos Pigs, um dos momentos mais fantásticos do show. Pigs possui uma letra bem politizada, assim como praticamente todas músicas do Pink Floyd com participação de Roger Waters. Enquanto a música toca, aparece no telão imagens de Donald Trump como se fosse um "homem porco" no contexto da música.

Durante as partes instrumentais há uma nova intervenção artística/política de Roger Waters. Os músicos começam a fazer uma pequena peça de teatro na frente do público, onde Waters coloca uma máscara de porco e incorpora o "pig man". Roger levanta primeiramente uma placa escrito Pigs Rules de World, dizendo que os porcos irão dominar o mundo, segundos depois ele retira a máscara e levanta uma placa escrito "Fuck the Pigs", onde a platéia foi completamente ao delírio.

The Dark Side Of the Mineirão
Nossa, tanta coisa no show né? Mas já estamos chegando no final. Todos nós já ouvimos falar em encerramento em grande estilo, não é mesmo? Roger Waters também.
Não tenho palavras que descrevam o que senti quando vivenciei essa experiência inteira do show, ainda mais quando chegamos nessa parte, quando é projetado à laser um Prisma 3D. Não só o prisma foi projetado, mas também o arco-íris que o atravessa. Você sabe o quão mágico foi isso?

Me senti dentro do The Dark Side Of The Moon, assim que começou a tocar "Eclipse" surgiu uma esfera prateada em cima da platéia e os lasers foram projetados.
É sério, eu não tenho palavras mais pra descrever o show desse cara, acompanhem o vídeo que achei no canal da movicaveado e fiquem surpresos junto comigo.
Conclusão
Roger Waters mostrou aos mineiros e para todo o Brasil o quão espetacular pode ser um show de música. Se pensarmos bem não é só um show de música e sim um show audiovisual completo. Tivemos artes cênicas, música, show de luzes, objetos, telão, foi tudo perfeito.
Também podemos tirar de conclusão como a música e política andam de mãos dadas. Sempre foi assim e sempre será. O show foi um espetáculo que agradou a todos que estavam lá, independente de sua ideologia política. Foi surreal.
E você? Teve a oportunidade de acompanhar o Roger Waters em turnê aqui no Brasil? Conte pra gente como foi a sua experiência!

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